sábado, 16 de outubro de 2010

Passe um dia sem carne

O que os brasileiros comem no dia a dia? Você ficaria sem "mistura" uma vez por semana? Motivos há de sobra para atender a esse convite. A intenção é incentivar as pessoas a deixarem de consumir carne ao menos uma vez por semana. A ideia é boa para a saúde pessoal e para a do planeta.

Uma campanha da Sociedade Vegetariana Brasileira - também adotada pela Prefeitura de São Paulo - quer estimular esse hábito. Ao diminuir o consumo de carne, reduz-se, ao mesmo tempo, o desperdício de água, o desmatamento, a desertificação, a extinção de espécies, a destruição de hábitats e até de biomas inteiros. A pecuária é responsável pela emissão de cerca de 17% dos gases de efeito estufa no planeta. Mais da metade da produção mundial de alimentos é destinada à ração para animais de abate.

Hoje se mata, em cerca de 15 dias, o mesmo número de animais que eram abatidos em um ano na década de 1950 - dados da FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação). Esses animais levam uma vida de sofrimento, medo e privação. Muitos ficam confinados em lugares minúsculos, sem poder nem sequer mover a cabeça. Os métodos de criação e abate são cruéis.

Uma dieta sem carne favorece a prevenção de doenças crônicas degenerativas, como hipertensão arterial, doenças cardiovasculares, colesterol elevado, diversos tipos de câncer e diabetes, segundo a Associação Dietética Americana. A redução das carnes, com consequente aumento do consumo de feijões, frutas, cereais (de preferência integrais), legumes e verduras é preconizada pelo Guia Alimentar para a População Brasileira, do Ministério da Saúde. Esses alimentos devem, em conjunto, fornecer de 55% a 75% do total de energia diária da alimentação.

A campanha é um convite para repensar nossa alimentação cotidiana, muitas vezes pobre em nutrientes pelo simples desconhecimento da variedade de hortaliças e verduras disponíveis. O consumo de comidas prontas, fast food ou similares, facilitou a vida altamente urbanizada dos grandes centros, diminuindo o tempo gasto com a preparação dos alimentos. O preço de tudo isso é refletido em nossa saúde e também nas experiências de sabor que perdemos. Sobram alimentos prontos, enlatados, cheios de conservantes, todos com gosto parecido, muitas vezes elaborado sinteticamente. A padronização dos temperos, a restrição das experiências do paladar, o consumo desenfreado e a excessiva praticidade desses alimentos também sugerem o questionamento de como estamos gerenciando nossa saúde e de que maneira estamos educando as próximas gerações para hábitos alimentares mais seguros.

EDUARDO JORGE, secretário do Verde e do Meio Ambiente da Cidade de São Paulo

Fonte: Revista Galileu

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